Charles Stanley
(1821 - 1890)
(1821 - 1890)
O evangelista Charles Stanley nasceu no ano 1821 num pequeno vilarejo no condado de Yorkshire. Já na idade de 4 anos ficou órfão e foi por isso criado por seu avô, um homem sincero. O rapaz queria saber de tudo e leu desde cedo muitas vezes na Bíblia, embora já tivesse que trabalhar nos campos na tenra idade de 7 anos, para ganhar o seu pão. Apenas nos invernos podia freqüentar a escola do vilarejo.Na idade de 11 anos, Charles Stanley foi recebido na casa de um homem nobre, que lhe deu durante dois anos uma educação escolar extraordinária. Essa não foi direcionada tanto para erudição senão para a aquisição de sabedorias práticas úteis na vida. Por ocasião da despedida, esse homem lhe confidenciou as seguintes palavras: "Charles, ou você se torna numa maldição ou numa bênção para a humanidade". O próprio Charles Stanley, mais tarde, disse que foi somente pela graça de Deus que aconteceu o último.
Algum tempo após sua conversão, Charles Stanley foi a Sheffield onde começou a trabalhar numa loja de ferragens. O jovem aprendeu muitas coisas, porém não fazia progressos no conhecimento de assuntos divinos. Ele se esforçou a pregar fluentemente, mas, como ele mesmo afirmava mais tarde, não estava aprendendo.
Com 23 anos de idade ele já possuía a sua própria pequena loja. Foi nesse tempo, ouvindo uma pregação sobre Mateus 24, que ele descobriu quão pouco realmente sabia da Palavra de Deus. Começou diligentemente a examinar as Sagradas Escrituras e durante 18 meses se ocupou somente com a epístola aos Romanos! Durante o seu tempo livre, anunciava o evangelho. Foi então que ele conheceu um evangelista, Captain W., e entrou em contato com alguns irmãos que se reuniam no primeiro dia da semana, para, assim como os discípulos em Atos 20, partir o pão. Certo domingo de manhã foi até ali e encontrou reunido um pequeno grupo num recinto do primeiro andar de uma casa na Wellington Street em Sheffield. Não viu nenhum púlpito suntuoso, mas somente uma mesa coberta com uma toalha branca e em cima dela pão e vinho em memória da morte do Senhor Jesus. Também não viu nenhum presidente ou pregador; todos estavam sentados ao redor daquela mesa. Sentia que essas pessoas vieram, para encontrar o próprio Senhor. Foi tão impressionado por essa simples congregação, que chegou à conclusão: "Esse é o meu lugar, mesmo que seja somente a esteira de limpar pé desses cristãos". Algumas semanas mais tarde, também podia ocupar o seu lugar à Mesa do Senhor. Pouco tempo depois, certo domingo, ele fez uma experiência que nunca havia feito antes — a direção do Espírito Santo. Foi como se fosse um terno sussurro da parte do Senhor: "Leia 2 Coríntios 1". Pensamentos maravilhosos sobre os versículos 3 a 5 encheram o coração dele. Se sentia tão comovido, que o suor lhe escorria pelo rosto e corpo. Assim sentou ali, quieto; sentia o impulso, mas não tinha coragem. Finalmente, Captain W. se levantou, que sentava do outro lado do recinto, e expressou exatamente aqueles pensamentos, que o Espírito Santo havia colocado no coração de Charles Stanley. Mais tarde, durante toda a sua vida, essa direção divina havia de ocupar um lugar todo especial, como ele próprio escreve em sua auto-biografia "Como o Senhor me Tem Guiado".
Ainda sentia como conhecia pouco da Palavra de Deus, mas começou novamente a pregar a Palavra. Acontecia raras vezes que ele pregava sem que alguma alma se convertesse. Por vezes, ficou sabendo disso somente uns 10 ou 20 anos mais tarde. Durante anos viajou pela Inglaterra na sua função de representante comercial e, ao mesmo tempo, fazia a obra de um evangelista. É impossível definirmos de perto quantas almas encontraram a paz por meio do ministério dele. Nas ruas, em navios, no trem ou em festividades, em igrejas, salas-de-estar, cozinhas e fábricas, em teatros ou capelas — por todos os lados testificava do Senhor Jesus e por todos os lados almas foram salvas. Da grande quantidade de exemplos que relata em seu livro "Como o Senhor me conduziu", citaremos apenas o seguinte extraído do terceiro capítulo:
"Pouco tempo depois estive novamente em Hull e anunciei as boas novas. Após o almoço, estava sentado juntamente com o irmão A. J., quando recebi o chamado de pregar num barco a vapor. Comuniquei isso ao irmão J. 'Às duas horas sai um navio daqui, que geralmente fica cheio de pessoas voltando da feira', era a resposta dele. Tive a certeza de ter que pregar a bordo desse navio. Peguei a minha bolsa e o irmão J. me mostrou o caminho. Naqueles dias ainda não havia uma ponte de embarque e desembarque e, quando queria passar pela passarela móvel, a mesma deslizou e caiu na água. Tive a chance de me agarrar na beirada do navio e me puxaram a bordo. Em decorrência disso, havia bastante barulho e tumulto, e me puxaram de um lado para outro. Nessa situação levantei os meus olhares ao Senhor, para que me levantasse e me colocasse alguém de igual índole ao lado. Orando, passei pelo convés. O Senhor me mostrou um homem que acabara de se sentar. Sentei-me ao lado dele e perguntou-lhe, se ele era cristão. 'Sim, pela graça de Deus', ele respondeu. Então lhe perguntei: 'O senhor tem fé?' Contei-lhe, como Senhor me havia enviado, para pregara bordo, mas que me sentia tão fraco e por isso pedi por uma ajudante. Ele deu um salto e, com as palavras 'fé e obras' correu embora. Agora fiquei mais desanimado ainda. Como são estranhas as maneiras que o Senhor prepara os Seus mensageiros para o serviço dEle! Agora estava pequeno o suficiente, para que o Senhor pudesse me usar. Ai o homem voltou com o rosto irradiante de alegria. 'Podemos começar!', disse ele. 'O que pode começar?', perguntei-lhe. Explicou: 'Recebi a permissão do capitão e há algumas pessoas que querem cantar um hino.' Tirou o hino que foi cantada a toda força. Então o Senhor me deu a força de poder falar durante todo o trajeto. Nos diversos pontos de parada, sempre desembarcavam pessoas. Preguei a tarde toda até a noite. Naquele dia não sabia se alguma alma havia encontrado o Senhor. Muitos anos depois, quando já me esquecera basicamente por completo desse acontecimento, depois de uma reunião em Birmingham um senhor veio ao meu encontro e disse: 'Creio, que o senhor não me reconhece.' E foi assim. Então me perguntou: 'O senhor se lembra ainda da pregação de 20 milhas de comprimento?' — 'Também não', respondi. 'Pois bem, está lembrado da pregação de Hull a Thorne, lugares que distam em torno de 20 milhas um do outro?'
Então me lembrei dos detalhes. Ele, um pregador metodista, era a pessoa que me ajudara tão gentilmente naquela ocasião. Ele me contou que esteve em várias cidades e diversos vilarejos ao longo do rio onde o vapor havia parado. Tinha encontrado almas ao longo de todo o rio que foram salvas naquele dia. Assim o Senhor, muitas vezes, depois de muitos dias, dá a prova de que a Sua Palavra não volta vazia. Oh, que alegria é pregar com a certeza de que almas estão sendo salvas."
Embora Charles Stanley inicialmente tivesse pouco dinheiro à disposição e tivesse de cuidar de uma grande família, ele conseguiu empregar grande parte de seu tempo no evangelho. O Senhor lhe ajudou de maneira maravilhosa. A grande bênção, que pousava sobre o seu trabalho, sem dúvida era uma conseqüência de sua dependência dEle e de sua forte fé na direção dEle. Sempre de novo, o Senhor lhe revelava que devia ir a um certo lugar, onde nunca antes estivera, e ele foi pela fé, e o Senhor tirava todos os empecilhos de seu caminho.
O maior tempo de sua vida, Charles Stanley morava em Rotherham. Foi ali que escreveu centenas de folhetos evangelísticos. Os mais conhecidos eram os "folhetos de trem" ("Railway tracts"). Um irmão lhe deu a idéia de escrever as suas muitas experiências, para que o Senhor pudesse usá-las para bênção de outros. Charles Stanley não podia nem sonhar naquele momento, que mais tarde seriam impressos em muitos idiomas e que seriam amplamente divulgados. Também publicou outras séries de folhetos no decorrer dos anos. O folheto mais conhecido deve ser aquele sobre Mefibosete (2 Samuel 9). Charles Stanley também escreveu várias redações para crentes de conteúdo edificante e encorajador, que mais tarde foram publicados como "Escritos Seletos" em dois volumes ("Selected Writings of Charles Stanley"). Além disso escreveu pequenos estudos sobre o início e os princípios da Igreja ("The First Years of Christianity" — "Os Primeiros Anos do Cristianismo") e sobre a epístola aos Romanos. De 1880 a 1890, Charles Stanley era o editor da revista "Things New and Old" ("Coisas Novas e Velhas"). Foi chamado ao lar no dia 30 de março de 1890.
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