segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Clarence Esme Stuart


Clarence Esme Stuart
(1828 - 1903)

Clarence Esme Stuart era descendente de uma família bastante respeitada e era o filho mais novo de William Stuart. Seu avô, de igual nome, William Stuart, era arcebispo de Armagh e teve a confiança especial do Rei George III. A família descendia de uma linha lateral da antiga casa real dos Stuart da Escócia. Alguns vêem em Clarence Esme Stuart até uma semelhança com Charles I. A sua mãe era uma das cortesãs da Rainha Adelaide enquanto essa era também Duquesa de Clarence. Ela era madrinha dele e por isso também portava o nome de Clarence.

Clarence Esme Stuart nasceu em 1828 em Sandy. Conforme a tradição da família, foi educado em Eton (um colégio famoso vizinho do castelo Windsor, sede da família real da Inglaterra e colégio de educação da alta nobreza inglesa). Depois foi ao Colégio St. John em Cambridge, onde terminou os seus estudos de literatura e teologia com o grau de MA (Master of Arts — mestre em ciências humanas).

A sua mãe, com amor, sempre havia indicado a necessidade da conversão a Clarence Esme Stuart. Por causa disso, ainda bastante jovem, já havia dado esse passo espiritual da morte para a vida. Desde então, tinha sempre um interesse especial nas coisas espirituais e teve aparentemente o intuito de ocupar um cargo eclesiástico na Igreja Anglicana — igreja a que pertencia a sua família. Porém, aparentemente uma grave falha de fala impedia isso, embora nunca fosse notável quando orava.

Depois de ter casado com uma filha do Coronel Cunninghame de Ayrshire, ele se estabeleceu em Reading. Ali se ocupava com atividades evangelísticas dentro da igreja. Entre outras coisas, promoveu a atividade da "British and Foreign Bible Society" ("Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira").

Por volta do ano de 1860, Clarence Esme Stuart ficou atento à posição daqueles cristãos que comumente eram chamados de "Irmãos de Plymouth", embora eles mesmo tivessem sempre rejeitado tal designação. Na cidade de Reading havia uma grande congregação, em cujo meio se encontrava também William Henry Dorman, anteriormente pregador oficial, que se chegara aos irmãos já em 1840. Por meio de sua influência, Clarence Esme Stuart logo se convenceu que a sua filiação à Igreja Anglicana era inaceitável. Sem muito alarido, ele ocupou o seu lugar na assembléia de Reading. Durante muitos anos permaneceu ali.

Mas já nos anos 1864 - 1866 a amizade entre William Henry Dorman e Clarence Esme Stuart foi duramente provada. John Nelson Darby tinha esteriorizado pensamentos sobre os sofrimentos de Cristo, que foram duramente criticados por W. H. Dorman, e postos no mesmo nível das doutrinas de Benjamin Wills Newton. Este também foi o motivo pelo qual se separou dos irmão. Clarence Esme Stuart, com seus conhecimentos profundos das línguas antigas, que podiam ser decisórias em questões doutrinárias assim tão difíceis, se colocou ao lado de John Nelson Darby. Até o falecimento desse, ele continuou em estreita comunhão com ele; era um dos irmãos que falavam na ocasião de seu enterro.

Sem dúvida, Clarence Esme Stuart fazia parte dos grandes mestres entre os irmãos. Publicou diversas dissertações e livros sobre questões críticas quanto ao texto bíblico tanto do Antigo como do Novo Testamento. Na área de interpretações críticas quanto ao texto grego do Novo Testamento, ele tendia mais à escola dos conhecidos crentes cultos de Tregelles do que aos de Scrivener.

C. E. Stuart era também colaborador constante da revista "Words in Season" ("Palavras a seu Tempo").

Escreveu uma série de estudos sobre os evangelhos de Marcos, Lucas e João, sobre os Atos dos Apóstolos e o livro dos Salmos. Vale a pena mencionar também os estudos sobre os sacrifícios, a Igreja de Deus e as relações do crente para com Deus. Uma das últimas dissertações de sua autoria portava o título: "Devemos seguir aos Críticos?". Nela, C. E. Stuart se posicionou contra as doutrinas da tal chamada "crítica superior" quanto ao Antigo Testamento. Demonstrava assim, que até o fim não precisava temer o confronto com os eruditos errantes de sua época. A sua biblioteca continha todas as obras principais modernas sobre ciências bíblicas, mas também algumas obras bastante antigas, entre elas uma edição da Poliglota Complutensiana (uma edição bíblica multilíngüe impressa em 1514 na Espanha que contém os textos em latim, grego e hebraico). Essa edição, ele doou à biblioteca de seu colégio quando tinha já uma idade avançada.

Como expositor das Escrituras, Clarence Esme Stuart sempre se apegava estreitamente ao texto sagrado, porque era plenamente convicto de sua inspiração verbal. Basicamente não atentava para fontes externas como as exposições dos "Pais da Igreja" ou ainda da teologia moderna. Devido a seu claro e neutro discernimento, ele representava e defendia com grande diligência as verdades redescobertas sobre a Igreja de Deus e os acontecimentos proféticos. À semelhança de Frederick William Grant, comentários doutrinários que iam um pouco além, causaram em 1885 uma precipitada separação entre os irmãos que podia ser sanada após algumas décadas. Em anos posteriores, C. E. Stuart pisou em terreno perigoso devido a comentários sobre a obra de redenção de Cristo, porque tentou detalhar a obra do Senhor de forma intelectual e queria explicá-la principalmente por meio das figuras do Antigo Testamento.

Clarence Esme Stuart era uma pessoa de grande simplicidade quanto a sua aparência. Por meio de seu jeito amável de ser, ele ganhou principalmente os corações dos "miseráveis do rebanho", pois era cheio de bondade para com eles. Era a alegria dele compartilhar com eles a luz que recebera. Ele pertence aqueles que, embora tenham morrido, ainda continuam falando. Foi chamado ao lar em 1903 na idade de 80 anos.
 

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