domingo, 28 de agosto de 2011

William Joseph Lowe

 
William Joseph Lowe
(1838 - 1927)

William Joseph Lowe nasceu em 1838 como filho de pais tementes a Deus que pertenciam a igreja inglesa oficial do estado (Igreja Anglicana). Já enquanto ainda criança se manifestaram os grandes talentos que o caracterizavam mais tarde como adulto. Durante o seu tempo de escola, três de seus professores eram irmãos bastante conhecidos: James George Deck, poeta apreciado (dele é o hino 137 na "Pequena Coletânia de Hinos Espirituais",   hino   19   do   hinário   português   "Hinos Espirituais"), que mais tarde emigrou para Nova Zelândia; havia William Hake, um amigo de Robert Cleaver Chapman de Barnstaple; e finalmente havia nos seus últimos anos escolares Henry Soltau, de quem recebeu diversos ensinos bíblicos. No colégio de Ealing recebeu uma condecoração de alto nível; ganhou a medalha de prata por causa de seus conhecimentos em grego, latim, francês, alemão, geometria e álgebra.

Chegou a crer no Senhor Jesus como adolescente e foi recebido na comunhão à Mesa do Senhor. Depois de seus anos de escola, cursou ciências de engenharia em Londres. No ano de 1859 conseguiu uma boa colocação em Madras na Índia na área da construção de instalações de irrigação. Na condição de um jovem de 23 anos teve que supervisionar milhares de operários. Já ali manifestou o seu grande amor ao povo de Deus pelo fato de ter editado ali durante a sua curta estadia uma revista de edificação para crentes. Dessa ainda existem três volumes.

A sua saúde, porém, não suportava bem o clima tropical. Baseado em conselho médico, tinha que renunciar à sua colocação e voltar à Europa. Em 1864, William J. Lowe foi à Suíça, para se recuperar e melhorar os seus conhecimentos do francês. Ele pensava em eventualmente servir ao Senhor em meio da população de fala francesa de Québec no Canadá.

Durante esse período, John Nelson Darby estava na França, para, junto com alguns irmãos, traduzir a Bíblia ao francês na cidade de Pau. Algumas impressões destinadas à correção, por uma caso, pararam nas mãos de William J. Lowe e ele as verificou. Viu ali algumas insuficiências e fez algumas propostas valiosas de melhora. J. N. Darby se surpreendeu com elas e foi impressionado de tal forma que lhe disse: "O senhor é exatamente a pessoa da qual temos necessidade aqui; o senhor deve ficar agora e nos ajudar". Assim se iniciou uma amizade e comunhão no serviço com J. N. Darby que permaneceu até o falecimento desse em 1882. Mais tarde, Darby muitas vezes disse que não conhecia a ninguém que tivesse um tal conhecimento geral e ao mesmo tempo de todos os detalhes da verdade como W. J. Lowe.

Naqueles dias, W. J. Lowe era conhecido melhor nas conferências no exterior do que na Inglaterra, porque estava quase ininterruptamente de viagem. Conhecia assembléias na Bélgica, França, Alemanha, nos Países Baixos, na Espanha e na Suíça; algumas delas eram fruto do próprio trabalho dele. Também visitou por diversas vezes os Estados Unidos e o Canadá. Via sua tarefa principal no ministério da Palavra. Por isso se dá que hoje possuímos apenas poucos testemunhos de seu ministério escrito. Contudo, em 1873 fundou a revista mensal em francês "Le Salut de Dieu" ("A Salvação de Deus"). Para essa revista escreveu alguns artigos até que foi assumida por Dr. Elie Périer.

No dia 15 de setembro de 1885 ele se casou com Ellen McAdam, já numa idade bastante madura. Ele tinha um relacionamento de amizade com o pai dela, Christopher McAdam de Notting Hill. A "lua de mel" os dois passaram em Dillenburg. No caminho para lá, W. J. Lowe visitou algumas igrejas nos Países Baixos e assim chegaram somente no dia 19 de setembro a Dillenburg. Também ali o tempo era repleto de pregações, visitas e reuniões, inclusive uma conferência dos irmãos em Elberfeld durante quatro dias. Depois que faleceu o seu sogro Christopher McAdam, W. J. Lowe assumiu o trabalho dele na vinha de Deus, principalmente a distribuição dos donativos para os trabalhadores na obra do Senhor no exterior e a publicação dos "Letters of Interest" ("Cartas de Interesse"; ou seja comunicações a respeito da obra do Senhor). Essa atividade ele cumpriu durante quase 40 anos. Colocou-o em contato com filhos de Deus no mundo inteiro e requeria bastante correspondência, para a qual era de forma especial preparado; diz-se que falava dez ou onze idiomas.

Sempre o seu interesse especial era voltado para a juventude. Quando visitou J. N. Darby no dia 2 de abril de 1882 em Bornemouth durante a última enfermidade desse, ele escreveu em seu diário: "tarde — J.N.D tomou a minha mão e me puxou para si, para me beijar e me agradeceu de forma bastante cordial pela longa colaboração. Disse: 'Trabalhamos juntos e nos alegramos juntos. Deus te abençoe!'. Então, um minuto mais tarde: 'Ocupa-te com os irmãos mais novos e dirija os corações deles a Cristo'." — Teve uma força especial de atração para os mais jovens por causa de seu caráter sério, porém sociável e comunicativo, embora tivesse o costume de fazer-lhes perguntas pessoais e por vezes — como disseram — "desconfortáveis". Isso ele fez com a única intenção de despertar-lhes o interesse por toda a Palavra de Deus.

W. J. Lowe tomou uma posição firme e clara nas dificuldades sérias quanto às heresias de F. E. Raven por volta de 1890. Lutou contra as doutrinas falsas dele tanto de forma escrita como também em muitas conversas pessoais com Raven e os amigos dele. Também durante as dificuldades em Tunbridge Wells no ano 1909 ele desempenhou um papel fundamental pela sua defesa da verdade. A sua simplicidade e dependência da direção do Senhor se expressou especialmente em questões tocantes as igrejas locais. Ele deu grande valor ao fato de que as consciências de todos os envolvidos em alguma questão fossem alcançadas e tocadas por Deus, e que tivessem consciência de sua responsabilidade pessoal em cada ato da igreja. Não queria que agissem de forma mecânica e acompanhassem a maioria. As palavras "administração" e "organização" lhe eram uma abominação, quando se fez uso das mesmas para regulamentar o comportamento da igreja — seja influenciado por fora ou por dentro. Sabia dar o devido valor a essas expressões quando adequadamente empregadas, mas as temia nas igrejas, porque por elas, conforme a sua opinião, os exercícios pessoais de cada consciência foram desconsiderados e introduzidos métodos humanos de auxílio. Pelo emprego desses conceitos a operação do Espírito Santo é indubitavelmente limitada ou até mesmo extinta, especialmente quando se trata da solução de dificuldades nas igrejas. Segundo a sua percepção o Senhor muitas vezes permite tais dificuldades, para educar os crentes espiritualmente e firmar os corações deles na verdade de um modo que seria impossível de outra maneira.

Nos últimos anos a força mental de W. J. Lowe diminuiu bastante. No dia 29 de setembro de 1927 ele faleceu em Wimbledon.

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